És o meu Natal

Este ano uma parte do nosso natal é passado no céu, o que faz dele ainda mais sagrado. Vais morar nos nossos corações a todo o segundo. O teu lugar à mesa e o teu gorro vermelho serão sempre teus. Cada gesto meu irá representar a ansiedade de te querer abraçar e a gratidão de saber que me amaste. Não ouvirei a tua voz, não vou ver o teu sorriso ao vivo e a cores, não vou relembrar a tua face rosada da lareira e do copo de vinho, não te vou admirar a abrires lentamente as prendas. Muitos dirão que não estarás presente no meu natal, mas eu prefiro dizer que tu és o meu natal. És a força invencível que mora dentro de mim e que quer continuar a apaixonar-se pelo pai natal. Sei que não me querias roubar este humilde sonho de criança, sei que não querias desfazer-me esta inocência e esta simplicidade de existir que eu tanto revia em ti mesma. És o meu natal porque és o meu conceito de família, o meu suporte nas maiores batalhas, o meu telhado em dias de tempestade, o ouvido dos meus desabafos. Eras a fé do nosso abraço, a generosidade no olhar, a grandeza na calma, a meiguice no sorriso. És tudo aquilo que faz o meu natal. És a virtude do meu ser, a expressão da minha face e o sentido da vida. A tua saudade remexe cada entranha minha, faz-se sentir em cada parte da casa, mas sei que é a tua eternidade a querer falar, a revelar-se como parte integrante de um espaço que tem tudo de ti e respira para ti. Foste demasiado cedo, sim, havia muitos e muitos natais para te contemplar, havia ainda tanto para eu ser contigo. Tornaste-te na minha vontade de perseguir a vida, mas com a mesma vontade de querer partir. Serás sempre minha e eu serei sempre tua. Todos os dias teremos encontro marcado no horizonte dos nossos sonhos. Serás para sempre o infinito dos meus olhos azuis que se cruza com a esperança dos teus olhos verdes. Por favor, nunca te esqueças de mim. Por favor. Tu és família, tu és o conceito imutável que seguirá de geração em geração. És a intemporalidade do amor. És a primavera do meu coração, és a flor que não murcha, és a magia que não precisa de truque, és a órbita de um planeta chamado saudade. Seremos sempre as tuas sementes e tu a nossa dádiva. Não te esqueças que enquanto um de nós se lembrar de ti, haverá sempre natal.

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Zaask

Escritora e Fotógrafa