A Era do nada
Bem
vindos à Era do nada onde o tudo é negado
Somos
montras de sentimentos com um coração bajulado
Somos
histórias sem finais e perguntas sem respostas
Somos
silêncios andantes a caminhar em vidas opostas
Vivemos
no século do desapego, da proibição de sentimentos
Aprendemos
a fechar os olhos aos desleais juramentos
É
muito além da estética aquilo que os nossos olhos querem ver
Agarrarmo-nos
ao conteúdo é o que faz o coração aquecer
Admitem
que só a mulher pode sair magoada
O
que prova que o maxismo é uma batalha inacabada
Querem
um “sim” como garantido e um sentimento como proibido
E
aí percebes que há quem lute por um coração mal resolvido
Começam
sempre por demonstrar que querem tudo de nós
Mas
todos os finais de histórias terminam com um momento a sós
Aí
deparas-te contigo e com o poder da solidão
Que
o mundo pelo qual lutas te tira energias em vão
Toda
a consideração dá lugar a um afastamento
Já
diziam os poetas que as palavras leva-as o vento
Será
um altruísmo esquisito ou um egoísmo sincero?
Será
cobardia assumida ou confiança abaixo de zero?
Será
uma culpa camuflada ou uma vida despreocupada?
Será
uma doente introspeção ou um coração cheio de nada?
São
como aquela calça rota que todo o mundo segue
Mas
é a moda da imaturidade que a vossa mente persegue
Se profissões
fossem inventadas, nas relações seriam o capanga
E
se fossem coroados, seriam reis da bugiganga
Mas
é o amor próprio que tem sempre de emergir
É
aos nossos princípios e coerência a quem devemos aplaudir
Não
neguemos um sorriso à vida em prol de quem ficou para trás
Porque
os negócios em que participamos não são em troco de paz
Não
dês o poder da tua vida a quem nem dela fez parte
A
quem tem a capacidade de praticar um natural descarte
Como
uma cordial arte ou uma negra forma de viver
Mas
quando o instinto é dominante são os primeiros a ceder
Não
existe conexão mental, apenas o desejo carnal
É o
momento em que provam que são feitos de loucura animal
Esquecem-se
que corpos envelhecem mas mentes amadurecem
E
tal como as mãos que largam, também os princípios arrefecem
À
quem lhe chame de fase rebelde ou de pura liberdade
Mas
que liberdade será essa que põe em causa a dignididade?
Quando
a frieza dominar temos de entender que estamos de partida
Porque
um estalo vale no momento, mas a educação vale na vida
E se
o amor tivesse existido onde ficaria essa imensidão?
Oferecê-lo-íamos
de bandeja como a um mendigo damos o pão?
A
sociedade não dá espaço para viver emoções reais
Somos
feitos de labirintos que nos levam sempre ao mesmo cais
E a
batalha é essa mesmo, é a descoberta interior
Somos
protagonistas da nossa história e o nosso próprio mentor
Devemos
amar-nos com esplendor, acolher os nossos passados
E
aceitar que o nosso futuro é como um lançamento de dados
Torna-te
num exemplo e na beleza de seres tu próprio
Porque
a nossa melhor versão é a que implica amor-próprio
Nós
somos o suficiente e até mais do que isso
Cabe-nos
a nós mostrar ao mundo o valor de um compromisso
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