A força que me deste
Às vezes penso no destino e em como ele
me derrotou
Dois corpos separaram-se como um laço
que se desatou
Desmembrámo-nos por orgulho e desfez-se
um coração
Sempre fiz tudo para merecer uma cordial
explicação
Como se o destino apoiasse os teus erros
e a tua folia
E a minha vida acabasse como um café que
esfria
É ridícula a maneira como duas pessoas
sentem o tempo
O que para ti já é rotina para mim ainda
é contratempo
Uns têm lúcido o passado, outros vivem
do presente
Ergueste-te livremente e eu tão
forçosamente
Ajudaste-me a tornar numa pessoa cada
vez mais derrotista
Mas lembra-te que deitaste fora a tua
própria conquista
Se fosses parte do meu cérebro, eras o
meu cerebelo
Mas se fosses um estado físico, serias
um cubo de gelo
Os opostos atraem-se, mas não quando
alguém desiste
Quem conhece o amor é aquele que mais
persiste
Quem nos faz sentir especiais é quem nos
faz sentir inúteis
Todas as lutas que criei foram tratadas
como fúteis
Quando menos querias magoar, era quando
mais magoavas
Foste em direção ao precipício que ainda
hoje cavas
Vi de perto os teus erros e tu sentiste
o arrependimento
Foi com palavras bonitas que mascaraste
o teu lamento
Mas as palavras o vento leva e com as
fronteiras são ardidas
Enquanto elas são momentos, as ações
representam vidas
Qualquer um emite promessas a troco de
nada
Mas a atitude requer objetivo, sem nunca
estar cansada
As palavras nada valem, apenas revelam
fascismo
Enquanto proferir e agir se separarem
por um abismo
Os políticos provam isso e qualquer
cobarde também
Toda a vida foram os grandes feitos a
fazer do amor refém
Não sei se te voltarei a ver na minha
vida ou apenas na tua
Mas não vou ficar ao relento à espera
que passes na rua
Agiste sem pensar naquela noite pouco
banal
Como se tudo estivesse programado como
tal
Ainda assim eu sabia que eras o meu amor
eleito
Mas passaste do presente para o
pretérito perfeito
O meu coração não aguentou e o choque
moveu mundos
Só a minha alma sabe de cor os sofrimentos
profundos
Trocaste a vida por minutos, o amor
pela ilusão
Nem tu desejavas para ti momentos de
repulsão
Provavelmente não te reconheceste e caíste
em decadência
Mas há outras explicações para além da
adolescência
Porque se fosses a alma de uma balança, serias
a sua indecisão
E se fosses um planeta, chamar-te-ias Plutão
Fui feliz ao amar, mas sofrer fez-me
ganhar um escudo
Tornei-me mais forte com cada grito tido
como mudo
Sabes que o meu silêncio representa
sofrimento,
E ainda assim ignoras e alimentas o
tormento
Tornaste-te tão frio e tão distante
Já te esqueceste de como eras
aconchegante
Não tenho o direito de pedir que voltes nem
que sejas racional
Mas podemos falar do tempo ou de um
qualquer desejo carnal
Pedir para voltares provaria a minha
estupidez
Para voltar, volta-se por amor e
volta-se de vez
Sei que parece desistência mas tem o
nome de coragem
Forço-me para acreditar que foi um sonho
de passagem
Lembra-te que não me abandonaste apenas
a mim,
Abandonaste-te a ti próprio e ao dia de
S. Valentim
Mas há uma coisa que se deve sempre
dizer a quem se perdeu
“Apesar de tudo, obrigado por teres sido
meu.”
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