Ao sabor do vento
Já me ensinas-te tanta coisa, apontas-te
tantos caminhos
Contigo a vida é um mar de rosas, mas
rosas sem espinhos
Aqui vou ser bem sincera, neste poema
verdadeiro
Porque uma escrita pura vale mais do que
dinheiro
São as palavras espontâneas que os
papéis suportam
Porque a falsidade já as pessoas
reportam
Quem escava minas nem sempre ganha para
o seu pão
Mas eu escavei a minha e encontrei o teu
coração
Agora vivo no luxo de possuir ouro amado
Com muito mais valor do que o estipulado
pelo mercado
É por pedaços de metal que tantos ricos
se maravilham
Mas é pelo teu coração bater que muitos
diamantes brilham
Deste-me vida própria, deste-me um novo sorriso
Por isso é só para ti que faço este
improviso
Porque se o amor fosse força, chamar-me-iam
guerreira
E se tu fosses o vento, eu seria feita
de areia
Seria moldada por ti em qualquer direção
E seguia o teu sopro como se te desse a
mão
Mergulhava na tua essência e no segredo
da magia
Seria o brilho dos sonhos e o caminho da
fantasia
Porque eu não seria somente areia
desfeita
Bastava o teu toque para ter a vida
perfeita
Teria a forma que quisesses, faria de
mim o que sonhasses
Seria a areia da praia com que tu
brincasses
Podia ser aridez das planícies ou a
solidão de um deserto
Mas eu nunca me entregaria a um vento incerto
Seria o chão de uma barragem ou o
cascalho de um rio
Mas que junto à foz te visse a passar
num navio
Seria resistente às secas e pisada pelas
distâncias
Permeável à água e pousada por
circunstâncias
Seria mais um pedaço de um perdido
substrato
Mas talvez um dia fosse a areia do teu
sapato
Constituía-me como tua e como a seiva
dos minerais
Mas no fundo só sonhava ser aquela que
amais
Quero-te em frascos de vento, mesmo nos
dias ingratos
Em que não apareces e não sinto os teus
abraços
Quero que escrevas o meu nome com a
minha essência
Escreve-o longe, para o mar não apagar a
minha sobrevivência
O mundo não é feito para crentes, mas há
esperança em cada grão
Porque o tempo foi paciente e o mar fez
revolução
Erodiram-se as rochas e plantaram-se
sonhos
A areia criou-se e esperam-se futuros
risonhos
A areia e o vento vivem em comunhão
Porque tu, José, tens a areia e o meu
coração
E todos os dias vivo com o medo que o
amor remexeu
Mas também Deus criou as noites e também Ele as temeu.
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