Currículo profundo
A discrepância
entre corpo e mente não é única no mundo
Os chamados
valores humanos vivem num lugar imundo
De paredes
desiguais e experiências paranormais
De diferenças
colossais e de crimes ditos banais
Com frases
sintaticamente corretas é como comovem o mundo
Aqueles senhores
das Américas com um currículo profundo
São mais uns nauseabundos
que não conhecem a religião
Mas quando entram
nos tribunais julgam-se detentores da razão
Desconhecem a pobreza
e o porquê de um sacrifício
Para eles fato e
gravata é o verdadeiro ofício
Fictício, onde se
escondem em palavras e em recalcados preconceitos
Porquê que se não
dão a cara têm tantos direitos?
Querem posar para
o retrato da bondade da vida
Mas não se pedem
envelopes, pedem-se cestos com comida
São seres
sedentários que até uma carraça repelem
Mas a crua
realidade é que eles com elas competem
Sempre tiveram
aulas de postura e de dicção
Mas não vivemos
numa montra nem somos bonecos de algodão
Se constroem discursos
e tanto sabem falar
Que manipulem o
mundo e a guerra tentem acalmar
Vocês são
injustos como a liberdade dos cruéis
E são vistos na
rua como seres infiéis
Deixam a camisa
amarrotada como pedaços de amor amarrotados
A empregada que
venha com os seus pés cansados
Eles caminham na
rua com um andar calculado
Como quem usa um
esquadro para criar um passo estereotipado
Desfilam pelas
calçadas com um mistério sobredotado
Como se trouxessem
no bolso um segredo abafado
Percorrem
caminhos onde o vício é rei e a persuasão é rainha
Os galanteios que
usam já soam à mesma ladainha
Pela civilização
são totalmente fanáticos
Lá caminham sem
sentido e completamente apáticos
Acham-se o centro
do mundo, o umbigo do tempo democrático
Mas para eles não
há existência além do seu portão automático
Porquê que se
desviam do sol se é a coisa mais genuína que têm?
E porque ignoram
os pobres se é a coisa mais preocupante que vêem?
Porque somos
bípedes se isso só nos tornou mais imponentes?
E porque na ânsia
de vencer mentem com todos os dentes?
Enquanto uns
acordam sobre leves almofadas de penas
Outros são
acordados por percevejos às dezenas
Enquanto uns
adormecem ao sabor de confortantes massagens
Outros tentam
adormecer por entre o som das carruagens
Urge-se mudar as
mentalidades, criar uma revolução
Destruir
antagonismos e viver em oração
Há falta de
cemitérios de justos e de sangue nas estradas
De peles que
conheçam cicatrizes e de calçadas esburacadas
Não queremos
nobres de nome que saibam assinar ultimatos
Queremos gente que
não conheça os limites dos contratos
Não queremos
montras recheadas enquanto houver quem durma à frente delas
Queremos
políticos que não saibam o que é comer à luz das velas
Terrível desequilíbrio
neste maldito capitalismo
Onde tudo se cria
em função do suposto civismo
A injustiça
preside logo após partos frementes
Quando os bebés
são postos em berços diferentes
Muito se deseja
do mundo, muita expectativa paira no ar
Mas por um ser humano
esperamos para que se possa amar.
Está lindo Cristiana :)
ResponderEliminarMuito obrigada Joana!
EliminarBeijinhos
Awesome! :)
ResponderEliminarMuitíssimo obrigada :D
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