Bárbaros sem espada

Apontar o dedo é o que todos sabem fazer
Afinal o que é que custa gozar sem ficar a dever?
Contudo não me conformo com este bando de gente
Onde o próprio ar que respiram já vem de gente demente
Vestem a capa de santos mas tanto lhes falta a auréola
Talvez um dia percebam que a presunção contagia mais que a rubéola
Para quê lançar a semente da guerra
Se daqui a uns anos estaremos debaixo de sete palmos de terra?
Por lá flutuam maldades naquelas massas cinzentas
Se o preconceito fosse som, as mentes eram mais que barulhentas
É por ilógicas especulações que se sagram campeões
No entanto a acusação é a pior das religiões
Do temor e da ignorância nascem as superstições
E da aliança com o egoísmo fecundam-se estas estúpidas gerações
Vida de fiel cordeirinho era vida que não teria
Antes sorrir e ser rejeitada, que pecar sempre que anoitecia
Que chão tão gasto o do corredor do infortúnio
Onde a invariabilidade das pisadas são como o tempo do gerúndio
Desvio-me com sapiência das minas do orgulho
Mas só me livrarei delas talvez só lá para Julho
Maldita evolução, maldita hominização
Que transformou voláteis pedaços de carne em pura destruição
Bocas podres invadem o mundo, a cada minuto, a cada segundo
E de tanta falsidade, o mais comum é ser vagabundo
Vocês são a insónia, a frieza da madrugada
Que de tanto pregar têm a letra mais que decorada
Julgam-se detentores da luz do nosso mundo palpável
Onde pouco se importam de ter um caráter vulnerável
Desenrolem o novelo da mais etérea negatividade
Eu cá prefiro descortinar o singelo e repelir a formalidade
O vosso olhar é pior que uma buzina
Mas a vossa humildade está certamente na ruína
Assim me ponho eu a dissecar dúvidas com a consciência
Para que pelo menos prove um pouco da ciência da adolescência
Crime é matar ou ter na posse armas ilegais
E não ser mais uma vítima de crises existenciais
Mas já se diz, os cães ladram e a caravana passa
Por mais que os opressores sejam de dura carapaça
Esta é a bomba atómica pelos “outros” construída
Se Hiroshima em 10 anos a suplantou
Também há muito que o meu coração a abafou
Talvez assim me faça ouvir, me faça sentir
Nestes versos dispersos que me fazem melhor que dormir
Se a desilusão fosse praia, esta letra seria uma areia
E se a ousadia fosse palavra, isto seria uma epopeia

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Zaask

Escritora e Fotógrafa