Yellow car (16º dia)

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Hoje vim dar uma voltinha no buggy do meu avô. Já estava cansada de ver todos os anos aquela bela relíquia a ser pintada de fresco e a levar peças novas graças à estima que o meu querido avô Hélder tem por ele, talvez por ter sido a prenda de alguém muito especial. Mas eu sei bem que o que realmente queria o meu avô era um carrinho vermelho, enfim, fanatismo pelo seu clube! Arranquei com ele, completamente livre, livre de companhia e de espírito, depois de muito prometer e enumerar os cuidados que iria ter com ele. Nos filmes estes carros chiam sempre a arrancar ou os travões fazem barulhos estridentes, mas este está novinho em folha. A janela era bem pequenina, mas deu para desfrutar a paisagem e dar o devido valor à minha aldeia. Mais tarde deparei-me com imensos carros como o meu, mas de outras cores e formatos. Não havia bandeiras, público, repórteres e flashes de máquinas, de modo que certamente não se tratava de uma corrida. Começaram a arrancar e eu sem pensar fui atrás deles! Fiz derrapagens que mal sabia que conseguia fazer, enchi-me de lama, efectuei ultrapassagens bruscas, dei umas valentes risadas, parecia histérica como as raparigas da vila no shopping. Quando me pareceu ser a única a partilhar aquela euforia de vida, vim nas calmas para casa, talvez pelo receio de que levasse um sermão que me fizesse temer para sempre o meu avô. (…) Hoje de manhã fui ao correio e vi um bilhetinho um tanto semelhante ao que era dourado do Charlie da fábrica de chocolates Wonka. Dizia: parabéns, ganhou um carocha vermelho pela sua prestação na corrida de ontem, onde obteve um 1º lugar! Estou em pulgas para contar ao Hélder.

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Zaask

Escritora e Fotógrafa