Na quinta (6º dia)

Bem, felizmente o tractor já arrancou. Digamos que hoje resolvi entrar à socapa numa quinta. Soube da sua existência quando escutei inevitavelmente uma conversa entre a minha mãe e a minha avó. Pela descrição parece-me ser esta. Aqui a brisa não podia ser mais leve e refrescante, exceptuando o bafo das vacas e dos bois… esse sim é pesado e faz-se notar pelo nosso olfacto! Eu adoro quintas, mas não é um gosto efémero que passa apenas por olhar para eles (os animais) e dar-lhes comida, mas ser amiga deles e observar os seus comportamentos. Além do confronto entre os mais diversos gemidos, o ambiente aqui é calmo. Desde os animais mais pequenos, coelhos, pintainhos, patos e até um lago de cágados, aos maiores, como vacas, bois, porcos, cabras… Todos devoram a comida com uma rapidez incrível, enquanto nos picos de silêncio se ouve o leite das vacas a cair para um bidão num som decrescente. Enquanto os cães fazem algazarra, as galinhas depenam-se umas às outras, os porcos tentam derrubar a porta e os gansos vão bebendo água em filinha, as vacas, animais ruminantes, pastam com toda a sua calma, achando-se bastante superiores e donas do seu nariz. Já oiço o tractor lá ao longe, de modo que vou só dizer adeus a um esbelto cavalo de grande porte que se tornou bastante sociável, para assim pedalar rumo a casa. Mas antes vou pôr as minhas sapatilhas apresentáveis.

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Zaask

Escritora e Fotógrafa